sexta-feira, 30 de março de 2012

Serra do Itapety (Mogi das Cruzes-SP) - mar/12

Após algumas explorações iniciais das trilhas da Serra do Itapety, em Mogi das Cruzes, principalmente as que dão acesso à Pedra do Lagarto, parti para uma travessia no sentido norte-sul que fosse viável de se fazer a pé sem muita caminhada em estrada, tendo como apoio as linhas de ônibus disponíveis. Esse objetivo acabou se concretizando em duas travessias distintas, uma que passa pela citada Pedra do Lagarto e outra que deu acesso ao Pico do Urubu, ponto culminante dessa serra.

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Mogi das Cruzes

Travessia pelo Pico do Urubu

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/1165318991 ... zesSPMar12.

No sábado, munido de trajetos desenhados no Google Earth e inseridos no gps, arrisquei uma travessia a partir da Estrada da Moralogia (Jd Vieira) que me levasse à Pedra do Lagarto e terminasse no já velho conhecido Jd Rodeio, perto do centro de Mogi. Após uma pesquisa, descobri que o ônibus Jd Vieira parte do terminal Estudantes a cada 4 horas no fim de semana, o que exigiu um bom planejamento para não terminar a caminhada muito tarde. Após saltar do trem na estação Estudantes e voltar alguns metros até o terminal de ônibus, peguei o Jd Vieira das 11h e desci no ponto final às 11h35, em frente ao Sindicato das Costureiras, quase 1km à frente do núcleo do bairro. Estava na estrada da Moralogia (erroneamente grafado Morologia nas placas). Voltei pelo caminho do ônibus passando pelo bairro e tomando a esquerda na primeira bifurcação (o ônibus veio da direita, mais larga). Passei pela porteira da Fazenda Santa Cruz e 100m depois me deparo com uma porteira fechando a estrada e uma placa de entrada proibida. Com uma casa ao lado, moradores e cachorros, foi impossível passar despercebido. Conversei com eles mas a ordem era não permitir a entrada na propriedade, que explora madeira de reflorestamento. Primeira tentativa frustrada e era exatamente o caminho que eu havia desenhado pelas fotos de satélite do Google. Resolvi bater na Fazenda Santa Cruz. Fui bem recebido pelos caseiros, que me disseram que dali eu subiria pelo reflorestamento até o Pico do Urubu, porém o dono estava por ali e também não gostava de gente de fora circulando na propriedade. O capataz apareceu, entrou na conversa e não foi nada simpático, para dizer o mínimo.

Bem, me restou voltar ao bairro e tentar obter informações de como subir a serra por ali. Conversa com um, conversa com outro, entrei por algumas ruas para averiguar, mas nada. Até que um morador me deu uma dica - e até uma carona - de como eu poderia fazer. Voltei com ele pelo caminho do ônibus até uma bifurcação à esquerda com a placa Recanto Jatobá, logo após uma escola. Entrei nessa bifurcação às 14h e segui pela estrada de terra acompanhando as torres de alta tensão. Às 14h15, após um lago à direita, a estrada sobe à direita e bifurca. Tomei a esquerda e parei na primeira casa. A trilha para o Pico do Urubu começa exatamente em frente a essa casa, subindo inicialmente por um reflorestamento de eucaliptos (mais um!) e depois por mata fechada. Mas o caminho é bem largo e óbvio. Às 15h encontro uma bifurcação em T. Desci à esquerda para explorar e a estrada terminou 15 min depois no portão de um sítio-pesqueiro que estava deserto. Satisfeita a curiosidade, subi de volta, passei pela bifurcação e continuei subindo. Às 15h55 cheguei ao encontro de cinco estradinhas que já era bem familiar. A subida à direita leva ao Urubu e a subida à esquerda ao conjunto de antenas da Serra do Itapety. A descida à direita, onde há uma porteira, vai a um sítio e a descida em frente leva ao centro de Mogi e é por onde os carros sobem ao pico.

O dia, até então encoberto e meio cinzento, abriu-se em sol e céu azul e aproveitei para contemplar a paisagem a partir do ponto culminante da serra. Ali conheci duas figuras interessantes, um cidadão que sobe de moto o pico todos os sábados, depois do trabalho, para admirar o fim de tarde e um morador de um bairro próximo que com seus 59 anos sobe quase toda semana a pé a serra e conhece todas as trilhas que eu percorri nas últimas semanas por ali. Conversamos bastante, trocamos informações e às 17h desci pela estrada em companhia do andarilho, que caminha sempre escoltado por sua jovem e medrosa cadela. Nos separamos no bairro aos pés da serra e eu continuei até a estação Estudantes, aonde cheguei por volta de 18h30, para embarcar de volta a Sampa.

Meu objetivo foi alcançado em parte pois atravessei a serra, porém não pelo ponto onde pretendia, a Pedra do Lagarto, o que ensejou mais pesquisas e mais um dia de explorações nessa agradável serra tão próxima do burburinho da movimentada Mogi das Cruzes.

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Bairro Beija-Flor visto de um mirante da travessia

Travessia pela Pedra do Lagarto

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/1165318991 ... zesSPMar12.

Dando continuidade às explorações na Serra do Itapety, em Mogi das Cruzes, parti para a empreitada final em busca do meu objetivo: cruzar a serra no sentido norte-sul passando pela Pedra do Lagarto e me valendo das linhas de ônibus da região. Conhecer o trajeto dos ônibus era fundamental, caso contrário teria que percorrer infindáveis estradas de terra e asfalto para iniciar ou terminar a pernada, coisa que eu queria evitar.

Sobrepondo os caminhos já percorridos às imagens do Google Earth, concluí que poderia ter acesso às trilhas da serra a partir do bairro Beija-Flor, que possui linha de ônibus a partir do terminal Estudantes de Mogi. Assim como a linha Jd Vieira, este também tem frequência muito baixa, com 3 a 4 horas de intervalo nos finais de semana.

No domingo, após saltar do trem na estação Estudantes e caminhar alguns metros até o terminal, tomei o ônibus Beija-Flor das 11h, o qual deu uma volta enorme, indo além da Rodovia Airton Sena para tomar uma estrada paralela a ela e entrar na Estrada do Beija-Flor (de terra) após um túnel sob essa rodovia. Com o trajeto da caminhada gravado no gps atentei para o local onde deveria descer. E foi em frente à Chácara Maria Mãe de Jesus, onde começa uma tal Estrada do Levi, às 11h50. Voltei 150m e entrei na primeira à esquerda, Estrada do Cedro, acesso à Fazenda Anhanguera. Percorri essa estradinha rural até avistar a sede da tal fazenda, um casarão branco à esquerda, às 12h30. A estrada aí bifurca e a continuação à esquerda leva à sede. Em vez disso subi à direita, passando por uma porteira de arame farpado. Mais 250m e abandono essa estrada, que segue à esquerda, para subir um gramado à direita por um caminho que são restos de uma estrada bem precária engolida por enormes erosões. Esse caminho termina numa casa sem telhado e já estava diante das encostas, parte rochosas, parte florestadas, da Serra do Itapety. A partir da casa sem telhado bastou seguir os sulcos deixados pelas motos que circulam pela serra e subir tendendo para a esquerda (sudeste). Seguindo as marcas dos pneus nas lajes de pedra cheguei a um pasto que serve de magnífico mirante para todo o horizonte a oeste, norte e leste, com a vista alcançando desde o Pico do Jaraguá até Jacareí e São José dos Campos, passando por toda a extremidade oeste da Serra da Mantiqueira. Claro que esse foi o brinde por todo o esforço e me demorei um tempo curtindo o visual naquele belo domingo ensolarado.

Uma trilha sai da parte mais alta do pasto e penetra no frescor da mata da serra. Voltei à pernada às 16h10 e segui essa bem marcada trilha, passando por um ponto de água em poucos minutos. A partir daí o caminho, principalmente nos trechos mais inclinados, tem muita erosão causada pelas motos. Às 16h28 topei com uma bifurcação: a trilha mais aberta desce à direita e uma picada mais fechada segue em frente (esquerda). A da direita dá uma volta bem maior e sobe e desce algumas vezes para chegar à Pedra do Lagarto. A da esquerda é um atalho, porém com árvores caídas, pequenos charcos e caminhada por um riachinho. Segui pelo atalho pois é muito mais rápido e sobe de uma vez. O final dele é numa bifurcação em T, cujo ramo da esquerda leva em poucos minutos à Pedra do Lagarto, um mirante que, apesar de mais alto que o pasto onde parei, tem a visão um pouco obstruída pela mata do topo da serra. Ali uma curiosa placa com a mensagem "Lugar de conversar com Deus" repousa desde a primeira vez em que lá estive.

Agora só faltava completar a travessia descendo a serra no sentido sul. E lá fui eu, às 17h05. Desci da pedra pelo mesmo caminho, passei pelo ponto onde literalmente emergi do atalho e na bifurcação seguinte (alguns passos depois) segui para a esquerda. O sentido agora é direto para o sul e a trilha é bem marcada, porém escorregadia. Nuvens de mosquitos obrigam a descer sem pensar em parada. Logo uma trilha bem mais larga vem do alto da serra à direita e é por ela que passo a caminhar. Após esse entroncamento há um riacho alguns metros à esquerda, onde há uma clareira, mas a qualidade da água deixa dúvidas. A descida continua por essa trilha bem larga, que se transforma numa estradinha propriamente dita após a porteira de um sítio. Logo se nota o início de um longo muro de blocos de concreto à esquerda que delimita um enorme condomínio de alto padrão que sem a menor cerimônia sobe uma parte da serra. A estradinha de terra encontra o asfalto nos limites do bairro Jd Rodeio, marcado ali por grandes conjuntos residenciais de padrão bem mais modesto. Uma placa registra que o caminho por onde vim é a Estrada Velha do Lambari. Desse local bastou descer até o ponto de ônibus mais próximo, aonde cheguei às 18h, e tomar o ônibus Terminal Central, aonde cheguei em poucos minutos para embarcar no trem de volta a Sampa na estação Mogi das Cruzes da CPTM.

Depois de realizadas, essas travessias parecem bastante óbvias e sem dificuldade alguma, porém, pela escassez de informações e desconhecimento até dos moradores e frequentadores, foram necessárias várias visitas e alguma pesquisa para que se tornassem um novo roteiro a sugerir aos trilheiros ávidos por novos caminhos.

Informações sobre as linhas de ônibus de Mogi das Cruzes podem ser obtidas pelo site www2.transportes.pmmc.com.br ou pelo telefone 0800-195755.

Rafael Santiago
março/2012